quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E ÁFRICA


   Meus caros amigos Moçambicanos,

No meu comentário, PROMESSAS CUMPREM-SE, dizia no parágrafo "quinto", que Mário Soares conseguiu suster a revolta comunista que se preparava para tomar o poder em 1975... Êrro meu.  A figura que travou a tentativa de golpe de Estado, foi na altura um oficial do exército algo desconhecido, o General Ramalho Eanes.  Aqui fica o reparo, com o pedido de desculpas ao Senhor General Ramalho Eanes pelo lapso.

Esta e outras informações estão descritas num livro, CONFRONTO EM ÁFRICA - WASHINGTON E A QUEDA DO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS.  O autor deste livro, Witney W. Schneidman, presidente da Schneidman & Associates International, firma de consulatdoria orientada para África, com séde em Washington DC, técnica em estudos e na procura e investigação de actos políticos, principalmente os acontecimentos em África.

Um livro que nos conta a história das independências portuguesas em África, e das desconfianças existentes por parte de Portugal, das "infidelidades" dos Estados Unidos da América ao seu aliado Portugal, por parte do seu Presidente John Fitzegerald Kennedy e seu irmão Robert Fitzegerald Kennedy.

Um bom livro para quem goste de conhecer tudo o que se passou nos bastidores do poder americano em relação a Portugal no período das guerras nas ex-Colónias.  Estas "infidelidades" de Kennedy e o seu Governo, acompanhado pelo seu irmão Robert, muito contribuiu para que as independências  africanas tivessem corrido, "todas elas",de forma violenta e desastrosa. Foi a Época da euforía das descolonizações.

Vou pois comentar algumas passagens que constam neste livro, e que foram retiradas pelo autor, de documentos então "secretos", e que a partir de 2005 se tornaram conhecidos.


                                                 OS ESTADOS UNIDOS E ÁFRICA


África foi o Continente que aumentou a "guerra fria" entre os E.U.A. e a União Soviética... Foi em 1960, logo após as primeiras independências africanas na década de 50 do século passado, que a União Soviética aumentou as suas ajudas a alguns países que desejavam ascender à independência, as quais se realizavam em dotações financeiras, apoios em preparação militar, logistica e outras...

Vou citar partes deste livro, mostrando assim quanto real foi a "ajuda cínica" recebida por Portugal dos E.U.A.

(Nota: Nas citações a produzir, estas serão separadas no texto por "aspas duplas".)

"" A décima quinta sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, foi o momento dos africanos.
Em 1960, a ONU abriu as portas a 15 novos estados africanos, o que marcou o início da era das independências e desocolonização africana""

Noutra parte diz: ""Os 22 estados africanos, membros da ONU grangearam influência porque, juntamente com os estados asiáticos formaram o chamado -bloco afro asiático- e constituíram o maior bloco da ONU, com 44 dos 98 membros desta organização.

Em Janeiro de 1961, o lider soviético Nikita Khrushchev, num discurso na Academia de Ciências Sociais, em Moscovo, dizia ""que, caso os povos do terceiro mundo estivessem a lutar para terminar o jugo colonial, receberiam apoio total de todos os estados comunistas"".

John Kennedy estava atento a todas as inbvestidas soviéticas que proporcionassem apoios aos países africanos, quer por parte da União Soviética quer por parte da China, porque não queriam perder a sua influência em África.
Era evidente que para pelo menos manter a sua influência, tería que agir da mesma forma, mas com propósitos diferentes.
Enquanto que a Russia e a China dispunham de verbas e material bélico para ajuda aos grupos de guerrilha, os Estados Unidos estavam com sérias dificuldades devido à guerra que sustentavam  no Vietname, da qual vieram a saír derrotados.
Tentavam contudo manter relações  com alguns grupos de guerrilha, em Angola o de Holdem Roberto, na Guin+e o PAIGC, e em Moçambique a Renamo em princípio, e depois a FRELIMO.

Kennedy em mensagem aos seus conselheiros, do qual fazia parte um tal Walt Rostow, (director de Políticas do Departamento de Estado Americano), queria um programa de "CONTRA-INSURGÊNCIA, "para orientar o processo de mudanças e independências no terceiro mundo, através de meios políticos e militares"".
No seguimento destas directrizes, cerca de 100 mil americanos receberam treino especializado em CONTRA-INSURGÊNCIA, os célebres "boinas verdes".

Em resposta a Kennedy, Walt Rostow disse: "" Os interêsses americanos ficariam provávelmente melhor salvaguardados, aceitando os riscos de nos aproximarmos mais dos grupos mais modestos, do que ficando colados a amogos antigos, com as suas raízes no passado.""

Queria Rostow dizer que era mais aconselhável apoiar os movimentos de libertação, no intuíto de se relacionarem com os futuros governantes destes países, do que manter uma linha cooperante com o Governo de Portugal. Era este o cinismo americano. E s+o não foi em frenet porque a firmeza do Governo de Salazar a isso obrigou, não renovando o contracto da base das Lages, nos Açores... Êsse contracto passou a vigorar "DIA A DIA", durante nove anos... Quer dizer, se os E.U.A. se portassem "mal", no dia seguinte poderiam já não ter acesso às Lages...

Como o Governo Americano dependia deste acordo para conservar ewsta base primordial para os seus interêsses no Médio-Oriente, no controlo do Bloco de Leste e na NATO, tiveram que abdicar de dar uma ajuda total aos Movimentos de Libertação de Angola, Guiné e Moçambique, mantendo no entanto ajudas financeiras para a RENAMO, em transferências através da CIA na Tânzania.
Para Holden Roberto e para o PAIGC, as transferências eram feitas através da CIA da República Democrática do Congo.

Esta base das Lages foi caracterizada em 1961, por Dean Acheson, como ""o conjunto de bases mais importantes que os Estados Unidos teem em todo o mundo"".

Salazar desconfiava profundamente dos Estados Unidos, e, para ele, os Estados Unidos estavam decidídos  a suplantar a presença portuguesa em África para garantir o controlo económico da região.

Em 1960, havia a luta para a Presidência dos Estados Unidos, entre Nixon e Kennedy... Nixon atacava Kennedy de tomar posição sobre a auto-determinação e independências africanas, ataques estes que vieram a desempenhar um papel crucial na sua batalha pela Presidência, sobre Nixon.

Para Kennedy e os seus conselheiros, 1960 era o ano considerado de abrir portas ao colonialismo, para dar as independências em África.

O seu empenho político era alinhar os Estados Unidos com as novas e emergentes forças do mundo.

A 4 de Fevereiro começaram os desacatos e violência em Angola, no ataque à principal prisão de Luanda e 2 casernas de Polícia.. Morreram 7 polícias. Passados 5 dias, novo ataque à prisão de Luanda causou mais 7 mortes e 17 feridos.  Esta violência foi-se espalhando e a retaliação portuguesa foi descontrolada.  Temia-se então o pior, o que depois veio a acontecer, tornando-se em violência racial e recrudescimento da tensão Soviético-Americana, tal como acontecera no Congo..

O embaixador americano em Lisboa, Senhor Elbrick, informou  o Ministro da Defesa de Portugal, General Botelho Moniz, da necessidade de Portugal preparar as suas Colónias  para a auto-determinação num futuro entre 10, 20 ou 30 anos.  Este embaixador sugeriu a criação de Provincias Autónomas, ligadas a Portugal com semelhança à Commonwealth, como a Inglaterra mantinha com a India e outros Países.

Kennedy reuniu apoiantes para o cadjuvarem no Governo com o propósito de darem seguimento às suas políticas africanas, tendo à cabeça o Governador  do Michigan, G. Mennen Williams, para Secretário de Estado dos Assuntos Africanos.
Seguidamente juntaram-se-lhe J. Waine Friedericks, considerado "o cérebro do gabinete africano", Robert Kennedy, Chester Bowles, Adlai Stevenson e Arlan Cleveland.  Este grupo, especialmente Cleveland, pressionaram a ONU para apoiar as independências africanas.
Em Junho de 1961, após a revolta em Angola, Dean Rusk, Secretário de Estado Americano, criou um grupo de trabalho para fazer um plano de acção para Portugal e os seus territórios em África.

Este grupo apresentou recomendações. mas essas recomendações criaram grandes divisões na Administração Americana, de como responder aos pedidos de descolonização na África Portuguesa.

Ainda em 1961, Kennedy aprovou a criação de um programa educativo na Universidade Lincoln da Pensilvânea, para alunos que haviam fugido de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.

Entretanto Holden Roberto ficou ligado aos E.U.A., de quem recebeu apoio financeiro durante 14 anos, desde 1961.
Em Maio deste mesmo aano, 1961, Portugal já sabia da "estreita ligação" existente entre Holden Roberto e os E.U.da A.
Franco Nogueira, o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, no seu primeiro encontro com o embaixador americano Elbrick disse-lhe, ""ESTAR CERTO DE QUE OS ESTADOS UNIDOS ERAM RESPONSÁVEIS PELA ORGANIZAÇÃO E LIDERNAÇA DOS ATAQUES A PORTUGAL.""





Em 10 de Fevereiro de 1962, Franco Nogueira apresntou a Elbrick um documento que tinha tido origem na Embaixada Americana em Kinshasa, que mostrava que havia um acordo político entre os Estados Unidos e Holden Roberto.  Isto não foi desmentido por Elbrick.

                                                     FIM DO 1º CAPÍTULO

NOTA: Este relato é longo porque trata de todos os actos que percorreram toda as ex-Colónias desde 1961 a 1974.
Os próximos comentários serão sobre acções protagonizadas em Moçambique.
Estes relatos e comentários vãoser feitos por capítulos, para que a leitura não se torne fastidiosa.
Vou tentar mostrar que a "grande culpa"das situações que se viveram nas ex-Colónias, se ficaram a dever "ao cínico apoio dos Estados Unidos a Portugal." O que mesmo será dizer que os principais responsáveis foram protagonizados principalmente pelo CLÂ dos Kennedy,s.



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