quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E ÁFRICA



  OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E ÁFRICA

                                            4º Capitulo


Em 1967 a posição americana em África estava bastante fragilizada, e para tentar  salvar esta situação, o Vice-Secretário de Estado Americano Nicholas de Belleville Katzenbach, foi mandado "à pressa" numa viagem a 12 países africanos, em Maio de 1967.

A 13 de Julho, Katzenbach informou o Presidente Johnson dizendo-lhe "que os Portugueses não poderão agarrar-se eternamente às suas Colónias Africanas".

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Passe a ironía, mas a 06 de Setembro de 1968, Salazar foi levado de urgência para o Hospital da Cruz Vermelha, dias após ter dado uma queda na sua residência de verão, perto do Estoril.

O seu estado de "coma" ao fim de quáse 20 dias, originou que o Presidente Américo Tomaz anunciasse a substituíção de Salazar, pelo Professor Marcelo Caetano, como Primeiro Ministro de Portugal.


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Entretanto a administração americana do Presidente Lyndon Johnson para a ""política face a Portugal e à África Portuguesa era, em 1968, tal como Franco Nogueira preconizara, de uma neutralidade estudada.
Em 16 de Janeiro de 1967 Dean Rusk aprovou o "Documento da Política Nacional para Portugal", que representava o primeiro estudo de política nacional a ser feito para um país europeu. Este documento reafirmava os objectivos políticos dos Estados Unidos da América, em:

a) manter Portugal na NATO e na ONU.
b) levar Portugal a adoptar uma política de auto-determinação nos seus territórios ultramarinos com base no "plano Anderson".
c) manter relações comerciais normais com Portugal e com a África Portuguesa.
d) dar auxílio militar adicional a Portugal, em troca da utilização de instalações militares existentes. (referia-se à Base das Lajes.)
e) limitar a utilização de equipamento militar americano cedido  ou vendido a Portugal para efeitos da NATO.""


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Contudo, o auxilio e apoio a Mondlane e a Holden Roberto, ccontinuou, embora os montantes não tenham sido aumentados.


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Em Setembro de 1968, em Nairobi, Mondlane reuniu-se com Wayne Fredericks, onde Mondlane se mostrou decepcionado com a atitude frouxa dos Estados Unidos da América, na pressão a Portugal.

""Numa reunião privada num Hotel de Nairobi, Kenya, durante a conferência do Instituto-Afro-Americano, Mondlane mostrou-se muito preocupado em frente de americanos importantes, com os problemas da Frelimo em Dar-es-Salaam.""
Foi nesta reunião que Wayne Fredericks viu Mondlane pela ultima vez, e marcou o fim dos contactos oficiais dos americanos com a Frelimo.

""Em 03 de Fevereiro de 1969, Mondlane foi assassinado por uma encomenda armadilhada que explodiu quando estava a verificar o correio numa pequena casa na praia em Masasani, perto de Dar-es-Salaam.""


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Chegou pois a era de Nixon, o novo Presidente dos Estados Unidos da América.

""Para Nixon, a hostilidade da administração Kennedy para com Portugal, e a "neutralidade complacente" da administração Johnson faziam já parte do passado, e o novo Presidente deixou isto bem claro a Marcelo Caetano.
Nixon reuniu-se com o líder português em Março de 1969, aquando da visita deste a Washington, e prometeu-lhe apoio americano, de uma forma geral.
Depois desta reunião foi emitida uma directiva da Presidência, que terminava todos os contactos americanos com os nacionalistas que lutavam pela independência na África Portuguesa.
Cortaram relações com a Frelimo, e, Holden Roberto foi "desactivado", enquanto agente de informações. Continuou porém a receber mensalmente 10.000 dólares, a pedido da CIA, que pretendia continuar a receber informações.""


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Foi criado um novo plano. O plano TAR-BABY. 
Este plano consistía e abrangía toda a África Austral, ou seja, a África do Sul, Rodésia do Sul, (agora Zimbabwé), Rodésia do Norte,(agora Zaíre), Angola, Guiné, Moçambique e Tanzânya.

Este plano veio consolidar o "status quo" nas políticas americanas para a África Austral. Mais significativamente, ignorou a tensão que uma guerra de 3 frentes estava a criar a Portugal.

Em resposta, a administração americana concluiu que:

""Os brancos vieram para ficar e a única forma de se obter mudanças construtivas é atraves deles. Não há qualquer esperança de que os negros venham a conseguir os direitos politicos que almejam atraves da violência, já que este rumo levará ao caos e a um aumento de oportunidades para os comunistas. Se afrouxarmos a nossa postura para com os regimes brancos poderemos encorajar algumas alterações das suas presentes políticas raciais e coloniais.""


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A guerra de guerrilha em Moçambique estava num impasse. A luta anti-colonial mantinha-se nas Províncias do Niassa, Cabo Delgado e esporádicamente  na área de Tete.

Iniciou-se uma operação com vista a, pelo menos, paralizar estas acções de guerrilha, operação esta feita "em grande escala", de nome "NÓ GÓRDIO", orientada pelo novo Comandante em Chefe das Forças Armadas em Moçambique, o General Kaúlza de Arriaga.

""O Consulado Americano em Lourenço Marques, hoje Maputo, em informação passada para a administração americana, concluiu que: A CAMPANHA MILITAR PORTUGUESA DESTRUÍRA AS BASES E SUPRIMENTOS DA FRELIMO.""


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O 25 DE ABRIL DE 1974.

Em 22 de Fevereiro de 1974, o General António de Spínola publica o livro "PORTUGAL E O FUTURO".

Spínola era reconhecido em Portugal pela sua coragem, por ser um bom camarada, pelos seus feitos militares e como administrador colonial.
Após a publicação do livro, a crise no Governo foi grande e preocupante.
A 05 de Março de 1974, houve em Cascais uma reunião clandestina do M.F.A., onde foi aprovado o documento base do que viría a ser a revolução.
Entre outras coisas reclamava "democracia e desenvolvimento para Portugal", e a "descolonização em África". Revolução que veio a acontecer em Abril.


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Quando Marcelo Caetano se rendeu ao General António de Spínola, na manhã de 25 de Abril, disse-lhe: ""TEM DE MANTER O CONTROLO. ASSUSTA-ME A IDEIA DO PODER CAÍR NA RUA.""

""No dia 26 de Abril de 1974, o jornal lisboeta "REPÚBLICA", publicou uma versão do do programa do MFA com uma clausúla que reconhecia "O DIREITO À AUTO-DETERMINAÇÃO DO ULTRAMAR." 
Nesse mesmo dia, o DIÁRIO DO GOVERNO publicava o mesmo documento, SEM A CLAUSÚLA DE AUTO-DETERMINAÇÃO.""    

Spínola quando tomou posse como Presidente da República do Primeiro Governo Provisório, a 15 de Maio de 1974, no Palácio de Queluz,disse:
""QUE SÓ PODERIA HAVER AUTO-DETERMINAÇÃO NAS EX-COLÓNIAS QUANDO HOUVESSE INSTITUÍÇÕES DEMOCRÁTICAS A FUNCIONAR, E COMO ESTAS NÃO EXISTIAM, CONCEDER A INDEPENDÊNCIA IMEDIATA, SERIA NEGAR O ESPÍRITO DO MFA.
A estratégia de Spínola passava pela cessação das hostilidades, COM A QUAL OS MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO HAVIAM CONCORDADO AQUANDO DA QUEDA DA DITADURA DE CAETANO, para que o Governo Provisório pudesse organizar um referendo"".

Deve-se atentar bem nestes ultimos parágrafos.

O MFA, o PCP e o PS, defendiam a independência imediata das Colonias como a única posição a adoptar pelo Governo Português.
Nas palavras de Mário Soares, novo Ministro dos Negócios Estrangeiros e lider do PS, disse""O NOVO GOVERNO PORTUGUÊS É A FAVOR DA DESCOLONIZAÇÃO E NÃO DO NEO-COLONIALISMO."" 


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E foi assim, com esta gente, irresponsáveis e traidores à Pátria, que as independências das colónias africanas foram consumadas, sem sequer pensarem nas vitimas que provocaram, e que de qualquer forma foram atirados para barcos e aviões, deixando aqueles países que os acolheram muitos anos antes, para fugirem receando pelas suas vidas, dos seus filhos e demais familiares, devido ao caos que se instalou nas colónias, logo após as independências.

Na realidade, o manifesto do M.F.A. indica que reconhece o direito do Ultramar às independências, mas o Diário do Governo da mesma data, nada diz sobre o tal direito.

Tambem o "Acordo de Lusaka", assinado em 07 de Setembro de 1974, assinado em Lusaka, Zambia, por Samora Machel por Moçambique, e por Portugal, reparem bem:
Ernesto Augusto Melo Antunes
Mário Soares
António de Almeida Santos
Victor Manuel Trigueiro Crespo
Antero Sobral 
Nuno Alexandre Lousada

E pronto, assim acabou um belo sonho...

Sobre ese "Acordo de Lusaka" vou tentar encontrar a ediçãp deste mesmo acordo no Diário do Governo, que já li, mas não copiei. Na realidade é diferente daquele que tenho em meu poder e que foi editado pelo Governo de Moçambique, logo após a sua assinatura.
Se não conseguir encontrar o editado em Portugal no Diário do Governo, publicarei pelo menos o que foi editado em Moçambique.


Um abraço para todos os Moçambicanos.
                                

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