No seguimento do meu primeiro capítulo sobre o assunto, os ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E ÁFRICA, vou continuar a relatar e comentar algumas passagens do livro CONFRONTO EM ÁFRICA - WASHINGTON E A QUÉDA DO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUES.
Os relatos e comentários serão desta vez dirigidos principalmente sobre as acções em Moçambique.
NOTA: As citações do livro serão separadas do texto por ""aspas duplas"", como utilizado no primeiro capítulo. Vamos pois ao:
2º Capítulo
O Governo de John Kennedy, ""apesar das dificuldades encontradas nas Nações Unidas e em Lisboa, os "africanistas" da administração Kennedy, (eram estes alguns dos africanistas - Dean Rusk, Robert Kennedy, G.Mennen Williams, Adlay Stevenson, Averel Harriman, W. Friedericks, Chester Bowles e o próprio Presidente Jonh Kennedy), eram estes os africanistas, os políticos americanos que mais contribuíram para as independências africanas, e que continuaram os seus esforços para reforçar a posição americana com a causa nacionalista na Africa Portuguesa, e ganharam um aliado em W.Averel Harriman, que foi nomeado sub-secretário de Estado em 1963.
Harriman, um diplomata e borucrata astuto, partilhava a preocupação do Presidente em relação a África.""
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A administração americana estava preocupada com o problema do "acordo das Lajes" não ter sido renovado, tendo o secretário Mennen Williams ter relembrado que, apesar do abrandamento das pressões sobre Portugal para a concessão da auto-determinação das Colónias Portuguesas, assim como convencer Portugal a renovar o acordo da Base das Lages, Portugal mantinha a sua posição inicial sobre ambas as coisas. Nem auto-determinação nem acordo para as Lages.
O gabinete dos Estados Unidos sobre África sugeriu então que os contactos com os grupos de libertação fossem incrementados, e em 1963, um delegado de Mennen Williams, Wayne Friedericks sugeriu a Robert Kennedy, Procurador-Geral dos Estados Unidos, uma reunião com Eduardo Mondlane, presidente da Frelimo. Robert Kennedy concordou e respondeu a Wayne Friedericks, ""recebê-lo-ei no Gabinete do Procurador Geral dos Estados Unidos.""(ele próprio).
Nessa reunião o presidente da Frelimo falou da situação em Moçambique e dos programas da Frelimo para a educação de refugiados moçambicanos.
No fim da reunião, Mondlane e Robert Kennedy tinham chegado a uma relação de respeito mútuo, e partilhavam a visão do futuro em Angola e Moçambique.
Mondlane, dias mais tarde teve outra reunião com Averel Harriman. Para este, Robert Kennedy, Wayne Friedericks, era uma oportunidade manter uma boa relação com Mondlane, pessoa que julgavam poder vir a ser um dos governantes africanos mais importantes.
Após esta reunião, Friedericks perguntou a Rusk e Ball se queriam conhecer Mondlane, mas ambos recusaram, ""dizendo que uma reunião com Mondlane, faria pouco sentido"".
Robert Kennedy não concordou, e, na sua opinião, a
única abordagem correcta à questão colonial, era colocar-se ao lado dos nacionalistas.
Em Abril de 1963 a administração americana passou a prestar uma assistência "secreta" a Mondlane de 50.000 dolares, ""para manter a sua gente quieta"".
Numa carta "confidencial" a Robert Kennedy, Rarig pedia empenhadamente uma ajuda urgente "secreta" a Mondlane.
No fim da primavera de 1963, a CIA entregou a Mondlane um subsídio de 60.000 dolares, através do Instituto Afro-Americano em Nova Iorque. A 10 de Junho de 1963 a Fundação Ford atribuiu uma bolsa de 99.700 dolares a este Instituto Afro-Americano, para ajuda à formação de refugiados moçambicanos no Instituto de Moçambique em Dar-er-Sallam.
Entretanto a Frelimo continuou a receber apoio logístico e político da União Soviética e China, assim como de países da Europa de Leste e alguns da zona Ocidental.
Em Janeiro de 1962, já Paul Sakwa, assistente do director delegado de planeamento na CIA, tinha concebido um plano, que poderia ajudar a convencer Portugal a alterar as suas ideias sobre a descolonização.
Este plano considerava que Portugal, ""desse a Angola e Moçambique um Governo Autómono dentro de 8 anos"".
Neste espaço de tempo Holden Roberto e Mondlane receberiam um ""estatuto de consultores pagos, e seriam preparados para assumir o controlo das respectivas colónias"".
Portugal receberia uma ajuda de 500 milhões de dolares para revitalizar a sua economía.
Chester Bowles em 1963, consultor máximo do Presidente John Kennedy, fez proposta semelhante, mas aumentaria a parada para ajuda a Portugal, de 500 milhões para 1.000 milhões, e o prazo de governo autónomo, de 8 anos para 10 anos.
Salazar recusou dizendo que "Portugal não está à venda".
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Foi o nascimento de 30 novos países em África, que atirou o continente para a agenda política de John Kennedy.
Entre Dezembro de 1963 e Janeiro de 1964, o primeiro ministro da China, Chou-En-Lai, fez uma viagem a 10 países africanos. Esta viagem fez com que a União Soviética e o Ocidente abrissem os olhos, para o interesse da China no continente africano.
"" Em meados de 1964, 16 países tinham já relações com Pequim, 25 com a U.R.S.S., e outros 16 com Cuba.
A administração americana considerava que ""a luta entre as super-potências, estava ao rubro"".
Devido a este aumento de relações da China em África, Nikita Krushchev relembrou aos dirigentes africanos que, "" a União Soviética era o verdadeiro paladino das aspirações africanas"". E adiante ""reafirmava o "direito sagrado" dos oprimidos a pegar em armas para acabar o colonialismo"".
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Em 1963, Kennedy nomeou o Almirante George W. Anderson como embaixador americano em Lisboa.
Nos primeiros mêses que esteve em Portugal, não conseguiu melhor que o seu antecessor C. Burk Elbrick, na tentativa de levar Portugal a alterar a sua posição sobre a Base das Lages.
Nos finais de 1963, o Departamento de Estado Americano, ""deu ordens a Anderson para pedir autorização ao Governo Portugues, para abrir um Consulado na cidade da Beira, Moçambique"".
Os americanos pretendiam ainda que Portugal os autorizasse a instalar um equipamento de navegação, o LORAN-C em território portugues, para controlo da navegação transatlântica e aviões americanos.
Anderson, na sua primeira reunião com o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, o Dr. Franco Nogueira, ""este disse que estava farto de Washington pedir incessantemente favores que não levavam em conta os interesses portugueses"".
Face a estas negativas, Anderson propoz aos Estados Unidos a retoma de ajuda militar a Portugal, suspenso em 1961. A administração americana recusou fazer a retoma de ajuda militar, o que veio a resultar num ""impacto adverso"", nas relações entre Portugal e o Pentágono.
Dean Rusk , estava em princípio satisfeito com o trabalho produzido pelo embaixador Anderson com as autoridades portuguesas, mas o mesmo não acontecia em relação ao "Bureau Americano".
Rusk deu autorização a ""Anderson para visitar as Colónias Africanas Portuguesas e o Quénia"" , para ver as diferenças. G. Mennen Williams opoz-se a estas visitas, mas Rusk manteve a directriz.
Após a viagem de 2 meses efectuada por Anderson, este informou Salazar ""que tinha ficado muito bem impressionado com os desenvolvimentos económicos e sociais nos territórios ultramarinos"". E depois continuou: "" ainda havia muito caminho a percorrer em Angola e Moçambique antes destes territórios poderem amadurecer política e económicamente"".
Anderson perguntou então a Salazar, ""se os portugueses não estavam a subestimar a "força e motivação" do nacionalismo africano"", ao que Salazar respondeu, ""de que as fontes do nacionalismo africano estavam localizados fora da África Portuguesa"".
Fim do 2º capítulo
Dentro de dias continuarei a relação das actividades políticas praticadas pelos Esatdos Unidos da América durante as lutras nas ex-Colónias Portuguesas.
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